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Rio: operação policial letais gera críticas e paralisa a cidade

© Fernando Frazão/Agência Brasil

A Operação Contenção, que mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares nos Complexos do Alemão e da Penha, paralisou o Rio de Janeiro nesta terça-feira, com barricadas e fogo nas ruas, impactando transportes, escolas, universidades e unidades de saúde. O objetivo da ação, segundo o governo estadual, é realizar prisões e conter o avanço da facção criminosa Comando Vermelho.

Movimentos de favelas questionam os efeitos desiguais dessas operações em territórios periféricos. Para Fransérgio Goulart, diretor da Iniciativa Direto à Memória e Justiça Racial, a ação policial configura uma guerra dentro de territórios negros e pobres. Ele criticou a forma como os corpos negros são tratados durante as operações, contrastando com a atuação policial em áreas nobres da cidade.

A operação resultou em 64 mortes, entre civis e militares, tornando-se a mais letal já realizada no estado. O número pode ser ainda maior. A ação gerou críticas pela abordagem e pelo foco no confronto, em vez de em ações de inteligência.

“O que eu mais estranho é a própria grande mídia entrar nesse discurso de dar muito peso ao fato de os mortos serem bandidos ou não, nessa dualidade simplista. A gente teve, pelo menos, 64 pessoas mortas por causa de uma operação policial. Isso no mundo inteiro iria causar um impacto, uma comoção, uma sensibilização. E o governador está passando ileso. A política de segurança pública dele executou 64 pessoas”, complementa.

Goulart também questiona o alto orçamento destinado às polícias do Rio de Janeiro, estimado em R$ 19 bilhões para 2026, argumentando que esses recursos fomentam uma política de morte, em vez de promover uma polícia de inteligência e menos confrontos.

Uma nota conjunta de 27 organizações da sociedade civil criticou a operação, classificando-a como a mais letal da história do Rio de Janeiro. As organizações afirmam que “segurança pública não se faz com sangue” e que os resultados da operação expõem “o fracasso e a violência estrutural da política de segurança no estado”.

O texto critica a política de segurança baseada no uso da força e da morte, dirigida contra populações negras e empobrecidas, que não reduz o poder das facções criminosas, gera insegurança e medo, e interrompe o cotidiano de milhares de famílias. As entidades defendem que a morte não pode ser tratada como política pública.

O governador do Rio de Janeiro defendeu a operação, afirmando que, se necessário, excederá os limites e as competências do governo estadual para “servir e proteger nosso povo”. Ele cobrou mais apoio federal no enfrentamento às organizações criminosas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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