Sete governadores formalizaram, nesta quinta-feira, a criação do “Consórcio da Paz”, uma iniciativa de colaboração interestadual com o objetivo de intensificar o combate ao crime organizado. O projeto visa a troca de informações de inteligência, apoio financeiro e o compartilhamento de contingente policial entre os estados participantes.
A decisão surge após uma operação policial realizada no Rio de Janeiro, nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em um elevado número de mortos, contabilizando ao menos 121 vítimas.
A reunião para oficializar o consórcio ocorreu no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, e contou com a presença dos governadores do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás. A vice-governadora do Distrito Federal também participou do encontro. O governador de São Paulo esteve presente por meio de videoconferência.
O Rio de Janeiro será a sede inicial do consórcio, responsável por coordenar o processo de formalização do grupo. Segundo o governador do Rio de Janeiro, a iniciativa busca unificar e compartilhar estratégias eficazes no combate ao crime organizado.
Embora a liderança inicial do consórcio seja composta por governadores com alinhamento político, a intenção declarada é expandir a participação para todos os estados da federação. O governador de Santa Catarina enfatizou o objetivo de integrar as 27 unidades federativas, visando trocar experiências, recursos humanos qualificados e adquirir equipamentos de forma conjunta para enfrentar a violência em âmbito nacional.
Os governadores presentes elogiaram a operação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, com o governador de Minas Gerais classificando-a como “a mais bem-sucedida”. A operação resultou na apreensão de 93 fuzis, além das mortes. O objetivo principal da operação era a captura de um líder de facção criminosa, que não foi localizado.
Críticos e especialistas em segurança pública apontam que o crime organizado possui raízes econômicas e sociais complexas, e que operações policiais isoladas não conseguem atingir suas causas. Organizações da sociedade civil manifestaram preocupação com a alta letalidade policial e o impacto sobre os moradores das comunidades afetadas.
Durante a reunião, os governadores afirmaram que o consórcio busca ações práticas, evitando a “politização” da segurança pública. No entanto, houve críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada pelo governo federal ao Congresso, que visa dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e integrar as forças de segurança em todo o país.
O governador de Goiás argumentou que a PEC visa transferir a autonomia dos governadores sobre as diretrizes gerais da segurança pública para o governo federal. O governo federal, por sua vez, defende que a PEC mantém a autonomia das forças de segurança estaduais e distrital.
Na semana anterior, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e o governo do Rio de Janeiro anunciaram a criação de um escritório emergencial para combater o crime organizado no estado, visando melhorar a integração entre as esferas federal e estadual. O governo federal também anunciou o aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal e de agentes de inteligência no Rio de Janeiro, além do envio de peritos. A pedido do governo estadual, foi autorizada a transferência de dez detentos para presídios federais.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


















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