A Polícia Federal (PF) considerou “irrazoável” o planejamento da Operação Contenção, deflagrada pelas forças de segurança do Rio de Janeiro. A avaliação foi revelada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, após uma reunião em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Rodrigues, a superintendência regional da PF foi procurada para apoiar o cumprimento de mandados. No entanto, a participação foi descartada sob a alegação de “falta de atribuição legal”, já que a PF se concentra na investigação e não na ação ostensiva. A PF também afirma não ter sido comunicada sobre a deflagração da operação policial.
“A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, explicou Rodrigues, em entrevista à imprensa.
O governo do Rio de Janeiro informou que a Operação Contenção foi resultado de mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento, com o cumprimento de centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça a partir de inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Rodrigues detalhou que houve um contato em nível operacional, questionando a possibilidade de atuação da Polícia Federal. “Não tivemos detalhes mais do planejamento, a partir da análise geral, entendemos que não era o modo que a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações”, acrescentou.
A Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em mais de 130 mortes, mas a contagem de corpos ainda não foi finalizada. A ação já é considerada a mais letal da história, superando o Massacre do Carandiru em número de violações. Em resposta, criminosos bloquearam diversas ruas da cidade, gerando caos.
O governo do estado considerou a operação um “sucesso” e afirmou que as vítimas fatais reagiram com violência. No total, foram realizadas 113 prisões. Especialistas criticaram a operação, argumentando que ela gerou um grande impacto e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado. Ativistas classificaram a ação policial como um “massacre”.
Andrei Rodrigues garantiu que a Polícia Federal continua atuando no Rio de Janeiro, investigando e cumprindo as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas. Em abril, a Corte estabeleceu medidas para combater a letalidade policial em operações contra o crime organizado nas comunidades cariocas.
“Já estruturamos um grupo de trabalho que está atuando lá nessa questão de atividade de inteligência, instauração de inquérito policial e a determinação também, da própria decisão do Supremo, para que COAF e Receita Federal atuem coordenadamente conosco, trazendo mais elementos para a Polícia Federal atuar”, afirmou.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br




















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