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Maternidade da ufrj acolhe famílias em luto gestacional há 15 anos

© Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma maternidade pública localizada na zona sul do Rio de Janeiro se destaca pelo acolhimento de famílias que enfrentam o luto após a perda de um bebê durante a gestação, no parto ou nos primeiros dias de vida. A Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem se dedicado a aprimorar suas práticas de acolhimento há pelo menos 15 anos, demonstrando um compromisso contínuo com o bem-estar emocional das famílias.

Em agosto deste ano, entrou em vigor a política de humanização do luto materno e parental, que estabelece diretrizes para um atendimento respeitoso e focado na recuperação das pessoas que vivenciam essa experiência traumática. A nova política determina que maternidades públicas e privadas ofereçam às famílias a oportunidade de se despedirem de seus bebês, com momentos para fotos e lembranças como as digitais dos pés. Além disso, garante o direito de registrar o nome do bebê na certidão de óbito e, se desejado, realizar o sepultamento ou cremação.

A Maternidade da UFRJ possui um espaço diferenciado para esses momentos de despedida, o “morge”, onde as famílias podem vivenciar esse momento com privacidade e apoio. A psicóloga Paula Zanuto relatou um caso recente que emocionou a equipe, no qual um pai e uma avó se despediram de um bebê nascido a termo que viveu apenas um dia. A cena, marcada pelo cuidado e amor com o corpo do bebê, evidenciou a importância do morge como um espaço de acolhimento e despedida.

A maternidade oferece ainda um local especial, decorado com adesivos, mantinhas e roupinhas de recém-nascido, além de corações de pano confeccionados por voluntárias, que são doados às famílias como lembrança. A chefe da Unidade de Atenção Psicossocial, Daniela Porto Faus, ressalta a importância de favorecer o momento de despedida, respeitando o tempo da família e oferecendo apoio no centro obstétrico ou na UTI. Em casos de bebês na UTI com prognóstico reservado, a equipe oferece a oportunidade de que permaneçam no colo da mãe até o momento do óbito.

A chefe da Divisão de Gestão do Cuidado, Andrea Marinho Barbosa, informou que há planos para ampliar o morge, a fim de proporcionar mais espaço para as famílias se despedirem de seus bebês. Ela também destaca que as mães têm o tempo necessário para se despedir na enfermaria ou na UTI, onde a equipe prepara um ambiente de privacidade.

A maternidade tem implementado medidas para garantir respeito e acolhimento às famílias enlutadas há pelo menos 15 anos, sendo a criação da Enfermaria da Finitude a primeira delas. A separação das mães enlutadas das demais puérperas visa evitar sofrimento psíquico.

A Lei 15.139 assegura às mulheres que sofreram perdas gestacionais o direito à investigação da causa do óbito e ao acompanhamento específico em uma nova gestação. A lei também determina o atendimento psicológico após a alta hospitalar, oferecido pela maternidade da UFRJ presencialmente e por telefone, embora existam limitações como a dificuldade de deslocamento das mães e a capacidade da equipe.

A política de humanização do luto na maternidade da UFRJ inclui ainda musicoterapia para pacientes e equipes de saúde, visando aliviar o peso emocional. A nova lei incentiva a discussão sobre o luto materno na formação de profissionais da área da saúde e a partilha de experiências entre técnicos, médicos e enfermeiros.

A diretora da unidade, Penélope Saldanha, destaca a necessidade de uma mudança de mentalidade para a implementação da política, exemplificando o processo de garantia da presença de um acompanhante no parto.

A maternidade da UFRJ é referência para diversas unidades básicas de saúde e recebe grávidas de alto risco e gestantes com doença trofoblástica gestacional, além de atender partos de emergência.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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